sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Anthony Bourdain : Sem Reservas (Tá, Com 

Algumas Reservas, Vai) : "O Caso da Feijoada e das 

Três Orelhas"




Anthony Bourdain  
Recentemente tenho sido frequentemente questionada sobre o porquê de estar “rasgando tanta seda”, ao escrever sobre  realities culinários. Respondi que, ao decidir escrever sobre o mundo da culinária, eu optei, preferencialmente, por falar acerca daquilo de que realmente eu gostasse. Como disse Rosa Maria Colaferri , diretora de relações institucionais da Universidade Anhembi Morumbi :”ao contrário do crítico culinário,um food writer, escreve só sobre o que gosta”. Pessoalmente, acho esta atitude bem mais elegante, e muito mais correta. Se não se gosta, não se escreve, e ponto.
Mas, já que me foi lançado um desafio, voilà.

ANTHONY BOURDAIN, Sem Reservas é o nome de um programa levado ao ar pela tv americana e distribuído pela TLC, aqui no Brasil, desde 2005.É um reality, basicamente, acerca de gastronomia, onde o chef, que dá nome ao mesmo,viaja pelo mundo, situação na qual é apresentado, por vários convidados locais, à cultura e à culinária dos lugares onde visita. Desde que o programa teve início, tenho tentado, repetidas vezes, tornar-me adicta do mesmo,mas, confesso, infelizmente, que só recentemente o consegui ( atualmente sou perigosamente obcecada por ele).
Mas, à parte de Tony Bourdain ( ou AB), como é conhecido, ser um chef graduado, e altamente aclamado em seu meio, temos de reconhecer que ele está longe de ser considerado um ser humano carismático, ou até mesmo levemente simpático. Debochado, desbocado, irônico, reclamão, sarcástico e rabugento, no grau mais elevado, Anthony Bourdain, nascido em Nova York, EUA, no entanto, ainda guarda consigo um certo charme francês, herança de seu avô paterno, imigrado daquele país, na época da primeira guerra. Tanto é assim, que o episódio mais interessante que podemos assistir  do reality é aquele em que ele e seu irmão voltam ao vilarejo da França, onde passavam férias com os pais, e refazem as brincadeiras que usavam fazer quando crianças.Neste episódio, se pode até perceber um certo grau de emoção, por trás da tão fortificada e intransponível "Carapaça Bourdainiana'.
Fato é, que o tal chef bufador resolveu, num belo dia, rumar ao país do futebol, o Brasil, para acompanhar, em uma casa de uma comunidade carioca,o preparo do prato ícone do país :a feijoada. Na hora, pensei comigo mesma: Oops, isto não vai dar certo. E explico o porquê: por ser portadora, eu mesma, de algumas espécimes de AB, em minha própria família, rapidamente logrei deduzir que a equação : Anthony Bourdain + Feijoada + Morro + Rio de Janeiro,  era, com certeza,uma equação definitivamente fadada ao pleno e total insucesso. Muito pior, ela parecia, para mim, isto sim, um enorme prenúncio de um gigantesco e terrível desastre.
Mas, como Deus É brasileiro, e o Cristo Redentor, carioca, acabamos sendo salvos, na última hora, do ataque implacável deste impiedoso, porém charmoso, chef , pela rápida, e quase imperceptível intervenção da dama que o acompanhava na tal visita. Isto porque ela, prevendo, como eu, a aproximação do famigerado "tornado francês”, tirou-o para fora da casa, no momento exato em que ele soltaria mais algumas de suas nada sutis "observações Bourdainianas" e, de forma eficiente e bastante delicada, aplicou-lhe um merecido “Puxão de Orelhas ”, “ à moda brasileira “.
Caso resolvido, a feijoada terminou, finalmente, com mais orelhas feridas do que começou , mas com todos em paz, deitados na cama da anfitriã, tirando uma rápida, inocente e merecida soneca.

Bonita, e antes impensável, cena", pensei, aliviada.
Ponto para a tal dama brasileira...

Recentemente, AB, em uma visita a São Paulo-Brasil, conversou com o talentoso chef brasileiro Rodrigo Almeida aqui ), proprietário do premiado restaurante Mocotó.





Fontes e Fotos:
 abebooks.com